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A Dinastia dos Románov - Declínio

Atualizado: 25 de nov. de 2023

Os Románov - Ato III

Com a morte de Alexandre I, assume o seu filho, o arrogante e orgulhoso Nicolau I. Apesar de ser considerado um autocrata natural, Nicolau não estava preparado para lidar com um mundo, e especialmente uma Europa, em processo de transformação cada vez mais acelerada - as múltiplas revoluções do século XIX ameaçavam a estabilidade do Império. Acreditando ser a sagrada personificação da Rússia, sua visão do gigantismo russo combinava perfeitamente com o nacionalismo mais amplo dos líderes russos modernos.


Nicolau I


Em 1848, seu poder atingiu o ápice com a invasão da Hungria e a supressão das rebeliões na Valáquia e na Moldávia, mas sua hegemonia era frágil. Ele causava indignação quase igual entre seus aliados austríacos e prussianos e seus inimigos britânicos e franceses. A inabilidade diplomática e a rigidez do Imperador tinham se tornado problemas potencialmente catastróficos. Nicolau não percebeu que o mundo havia mudado. Seu isolamento o cegou para aquilo de que o país precisava para competir com o Ocidente, um Estado eficiente e um ambiente propício para reformas.


Em 1854, a Rússia se vê envolvida numa guerra contra as duas principais potências europeias (França e Inglaterra), a Guerra da Crimeia. No ano seguinte, ao contrair uma forte gripe, Nicolau morre e deixa o trono para Alexandre II, seu filho, então com 37 anos. Considerado o herdeiro mais preparado da história dos Románov, Alexandre era um homem agradável e sensível. Ao negociar a paz e encerrar a Guerra da Crimeia em 1856, ele consegue evitar o pior, mas não sem algum custo para a Rússia. O Império perde a Bessarábia e suas fortificações no Mar Negro, além do direito de manter uma marinha ali.



Guerra da Crimeia: “Defenda Sebastopol”, óleo sobre tela de Vasily Igorevich Nesterenko, 1967.


Ciente da necessidade de reformas, em 1861 ele emite um decreto abolindo a servidão, uma instituição ainda mais antiga que o próprio Império. Em 1864 ele deu à Rússia um Judiciário independente com julgamento por júri e um novo corpo administrativo local - uma assembleia nos níveis provincial distrital, chamada zémstvo, que seria parcialmente eleita e que contaria com camponeses, além de nobres e comerciantes.


Alexandre era um autocrata reformista, mas ainda sim um autocrata. Sua visão mais humana e, até certo ponto, democrática do poder não estava errada, mas ele esqueceu de considerar que era na figura do Tsar que se concentrava o equilíbrio de poder na Rússia. A abolição da servidão rompeu o pacto entre o governante e a nobreza, levando-o a basear seu poder nos rifles do Exército e na carapaça de sua burocracia. Sem estarem mais ancorados nesse pacto, os Románov e a sociedade começaram a se afastar um do outro.


A revolta na Polônia em 1863, que estava sob domínio russo desde o Congresso de Viena em 1815, azedou a perestroika de Alexandre. Os retrógrados achavam que havia liberdade demais e os liberais que havia liberdade de menos. Parte da geração da época, incluindo universitários e muitos intelectuais, deixavam de lado as reformas do Tsar para adotar o ateísmo, a modernidade e a revolução. O progressismo para a se disseminar pela Rússia e os socialistas começam a planejar o assassinato de Alexandre. Após várias tentativas sem sucesso, em 1881 um atentado a bomba finalmente consegue seu intento. As reformas de Alexandre II foram enterradas com ele. Começava o reinado de Sacha, ou Alexandre III, seu segundo filho mais velho.


Alexandre III, com 36 anos, tinha 1,90 metro de altura, e era aquele tipo de Tsar que sempre sabia quem era e o que queria - qualidades nada desprezíveis para um líder. Apelidado de "colosso", era tão forte que seus truques de salão preferidos eram envergar atiçadores e rasgar maços de cartas de baralho. Ríspido e iletrado, Alexandre tinha, apesar disso, segundo palavras de um de seus ministros, a objetividade de um "grande administrador", além de "muito caráter, bons sentimentos e firmeza". Bruto, chegou a ser comparado a "Pedro, o Grande com seu porrete", com a diferença de que era só o porrete, sem o grande Pedro.


Num mundo agora influenciado pela opinião pública, pelos mercados de ações e pelos jornais, Alexandre precisava buscar conselheiros que fossem preparados para essa nova realidade. A Rússia era atrasada, mas orgulhosa. Após um período de depressão econômica, que culminou, em 1891, com a morte de milhares de russos de fome, a década de 1890-1900 representou um período de grande desenvolvimento econômico. Transformada em principal produtor agrícola da Europa, a Rússia injetou grandes investimentos estrangeiros e estatais na economia para obter uma explosão de crescimento. A produção de ferro gusa, aço e carvão triplicou, a extensão da malha ferroviária duplicou e a indústria têxtil fez da Rússia uma das cinco maiores potências mundiais. Descobriu-se petróleo em Baku, que em pouco tempo passou a produzir metade do total mundial. Mas nada simbolizou melhor esse período que a construção da ferrovia Transiberiana, que ligava o Pacífico à Europa e potencializava um crescimento sem precedentes para o Império.


Transiberiana: a ferrovia mais longa do mundo


Entretanto, enquanto a Rússia se projetava na modernidade industrial, o Imperador tentava manter a união do Estado mobilizando o nacionalismo russo e perseguindo as minorias. Num Império multinacional de 104 nacionalidades e 146 línguas, os russos puros (sem contar ucranianos) eram uma minoria de 44%. Apesar disso, o Imperador determinou, além de medidas antissemitas, que só a língua russa deveria ser ensinada nas escolas polonesas, armênias e georgianas: um gol contra do regime, que desnecessariamente transformou milhões de pessoas em inimigos. A Rússia tropeçava no seu próprio gigantismo.


Seu herdeiro, Nicky, futuro Nicolau II, era tímido e um pouco infantilizado. Educado em casa, tanto por razões de segurança quanto por disposição dos pais, teve uma infância feliz e amorosa, mas também o transformou numa pessoa isolada e ingênua. Um risco iminente num país assolado por distúrbios populares e necessidades urgentes de reformas políticas e administrativas. Com a morte do pai em setembro de 1894, Nicolau II se torna o derradeiro Tsar de uma dinastia que já durava 3 séculos.


Casado com Alexandra Feodorovna, neta da Rainha Vitória, ele tinha uma visão tradicionalista, e até certo ponto mística, de si mesmo. Nicolau se via como um Tsar moscovita, o proprietário das terras russas, não um Imperador europeu. A administração caberia à nobreza e os trabalhadores seriam o campesinato. Ele considerava a política exterior sua responsabilidade, mas admitia que não sabia de nada a respeito do assunto. Muito próximo do Kaiser Guilherme, foi incentivado a expandir a influência russa para o Oriente e se afastar da França. Essa visão expansionista casava-se perfeitamente com seu sonho de uma volta à monarquia moscovita.



Nicolau II e família


Só que a Rússia não era a mesma de antes, e o crescimento da indústria criou uma nova classe poderosa: os proletários. Numa época de nacionalismo pujante, tudo indicava que a era dos Impérios multinacionais estava no fim, mas o Tsar continuava insistindo em ligar seu trono à nação russa, mesmo sabendo os russos correspondiam a menos da metade da população. Jovens finlandeses, georgianos, judeus, poloneses e armênios aderiam em bandos a partidos nacionalistas. No entanto, duas facções transpunham os limites étnicos: O Partido Socialista Revolucionário, que promovia a revolução camponesa apoiada no terrorismo, e o Partido Social-Democrata dos Trabalhadores Russos, que mais tarde governaria a União Soviética.


Em toda a Rússia os jovens estavam convencidos da certeza de Marx de que a velha ordem de tsares, sacerdotes, senhores de terras e capatazes das fábricas tinha que ser destruída. Um dos jovens desse movimento, Ióssif Djugachvili, o futuro Stálin, na época um jovem seminarista, enxergava o marxismo não apenas como uma teoria, mas como uma cosmovisão, um sistema filosófico. Nesse cenário, a arrogância negligente do Tsar, que beirava a incompetência, só aumentava o potencial explosivo destes movimentos.


Em 1905 os tumultos se intensificaram e a autoridade do governo se deteriorou. Ataques terroristas se multiplicavam e, com a quebra da colheita, os camponeses se revoltaram. Os partidos revolucionários assassinaram mais de mil oficiais em um ano, incluindo seu tio Serguei, governador-geral de Moscou, que era casado com Ella, irmã da imperatriz. Em Petersburgo, o Tsar oscilava entre a repressão e a concessão. Quando seu novo ministro do interior propôs reformas radicais, ele o censurou: "É de se imaginar que o senhor receia que haja uma revolução."


"Majestade", respondeu o ministro, "revolução já começou."


No Oriente, mais más notícias: a frota russa fora aniquilada pela do Japão. E, para piorar, seu tratado recém assinado com os alemães precisou ser anulado por pressão da França, um dos principais parceiros comerciais da Rússia e inimiga da Alemanha. O Tsar se mostrava indeciso e atrapalhado. Para aplacar a crise interna, Nicolau implementa uma constituição que concedia direitos civis a todos, um parlamento bicameral, cuja câmara baixa, a Duma, seria eleita por sufrágio (quase) universal, e a câmara alta teria metade dos membros nomeados e metade eleitos (o Conselho de Estado), bastante semelhante ao plano de seu avô, Alexandre II em 1881, além de um governo coordenado por um primeiro-ministro: Serguei Witte.


Mas a constituição não aplaca o impulso revolucionário. Em Petersburgo, um soviete - conselho de trabalhadores e camponeses, presidido pelo presunçoso representante da revolução, Liev Trótski, conduzia os tumultos. Lênin, agora líder da facção bolchevique dos sociais-democratas, chega de Genebra. A Sibéria, o Cáucaso e os territórios bálticos saíram do controle do governo. Em Baku, os armênios se vingaram com um massacre de azaris, enquanto os campos de petróleo queimavam. A repressão, por outro lado, fica fora de controle. Estima-se mais de 15 mil mortos e 45 mil deportações, incluindo um pogrom contra judeus em Odessa, onde 800 foram mortos. A Duma é dissolvida em julho de 1906.



Vladimir Lênin


Naquele mesmo ano, Nicolau e Alexandra recebem Grigóri Raspútin, "o homem de Deus". Este, proveniente da Sibéria, entrega ao casal um ícone do abençoado São Simão Verkhotúrski, o milagreiro. Showman nato, como qualquer pregador evangélico, ele causa uma impressão bastante forte tanto na imperatriz quanto no Tsar. Aproveitando-se da fraqueza do casal, ele passa a desempenhar um papel cada vez mais importante na vida da família e do Império.


Grigóri Raspútin


Uma nova Duma é formada em fevereiro de 1907, mas logo dissolvida. Uma terceira, dominada pela pequena nobreza, passa a oferecer uma forte oposição ao Imperador. Apesar disso, ela dura 5 anos, coincidindo com um período relativamente estável no campo político até o assassinato, em 1911, do brilhante primeiro-ministro Piotr Stolípin, no cargo desde 1906. Externamente, explode uma guerra nos Balcãs em 1912. Os exércitos eslavos da Sérvia e Montenegro, aliados dos russos, derrotam os otomanos, mas ameaçam a Albânia. Temendo que um porto sérvio se torne uma base russa, os austríacos, aliados dos alemães, ameaçam uma guerra contra os sérvios. A Europa estava a beira do precipício.


Nicolau é alertado para não entrar em guerra contra a Alemanha pois, em caso de derrota, uma revolução social de forma mais extrema será inevitável. As alianças com a França e a Sérvia não eram as únicas alternativas para a Rússia. Muitos julgavam que a Alemanha e a Áustria eram aliadas naturais.


Em 1914, o arquiduque Francisco Ferdinando é assassinado em Sarajevo. Logo depois, a Áustria, como o apoio da Alemanha, declara guerra à Sérvia. A Rússia, então. é arrastada para o conflito, mobilizando 1,2 milhões de homens contra os austríacos. Mais de 5 milhões seriam recrutados nos meses finais daquele ano e 15 milhões durante a guerra; mais de 2 milhões morreriam. Somente nos primeiros 5 meses as perdas somaram 1,8 milhões de homens, revelando um nível de incompetência e corrupção nunca antes visto no exército russo.


Internamente, a Duma exige um governo nacional, mas Nicolau recusa. Incentivado pela Imperatriz e por Raspútin a manter a autocracia imperial, ele ignora os riscos que a instabilidade política podia causar ao seu governo e nomeia ministros incapazes de lidar com a crise. Em setembro de 1915 ele suspende a Duma. Um dos parlamentares liberais, na época, chegou a comparar a Rússia a um automóvel com um motorista louco dirigindo rápido demais, e que os passageiros não ousavam parar de medo que matasse a todos.


Raspútin é assassinado no final de 1916 por conspiradores que viam nele uma ameaça ao Império, mas sua morte, longe de salvar a monarquia, a enfraqueceu. Os verdadeiros responsáveis pelo enfraquecimento do regime eram o Imperador e a Imperatriz, e Raspútin apenas confirmava e abençoava as trapalhadas de ambos. No início de 1917 a revolução irrompe e as ruas são tomadas por revolucionários, com o apoio do Exército. Numa tentativa de manter a monarquia viva, Nicolau renuncia em favor do irmão, o Grão-Duque Miguel Alexándrovitch, Miguel II, o terceiro filho de Alexandre III. Mas Miguel torna-se Imperador por apenas um dia. Ele é obrigado a renunciar pelos próprios ministros do governo, temerosos da reação dos revolucionários. Após 304 anos, chega ao fim a dinastia dos Románov.


Ignorando o perigo, a família imperial perde a oportunidade de fugir para a Inglaterra e é levada de trem para os Urais. Em outubro de 1917 os bolcheviques tomam o poder e a Rússia retira-se da Guerra. Nicolau, sem ter ideia do que estava acontecendo, culpa os judeus por sua queda e pela queda da Rússia - ele chegou a pensar que Lênin e Trótski eram judeus disfarçados.


Esquivando-se da responsabilidade pelo destino da família imperial, Lênin aprova sorrateiramente a ordem de execução de Nicolau, Alexandra e os cinco filhos, que fica a cargo do Comitê Executivo do Soviete Regional dos Urais em julho de 1918. Reunidos na adega da casa onde estavam detidos, a família, o médico particular e três criados são avisados por um dos comissários que o comitê havia decidido por condená-los a morte. Um a um, todos que ali estavam são fuzilados, os corpos despidos e as roupas queimadas. Para não possibilitar nenhum reconhecimento, os restos mortais dos Románov são jogados num poço de mina e destruídos com ácido e fogo. Alguns poucos Románov sobreviventes da perseguição dos revolucionários conseguem ser resgatados pelos ingleses em meados de 1919. Seus numerosos descendentes espalham-se por toda a Europa e Estados Unidos.


Em 1991, após a queda da União Soviética, uma expedição oficial da Federação Russa exumou os ossos que haviam sido descobertos em 1979 e enterrados novamente. O príncipe Philip, Duque de Edimburgo e consorte da Rainha Elizabeth II, que era filho de Alice, a qual era filha de Vitória, irmã de Alexandra, forneceu seu DNA que comprovou a identidade da Imperatriz, ao passo que o DNA de três parentes identificou o Tsar.


Em julho de 1998, no octagésimo aniversário dos assassinatos, o presidente Bóris Iéltsin compareceu ao funeral do Imperador, de sua família, de seu médico e dos três criados, na Catedral de Pedro e Paulo em Petersburgo, junto com trinta descendentes Románov. Uma ocasião digna para a importância da dinastia para a história russa.


Epílogo


Nenhum Tsar governou a Rússia depois de 1917, mas todos os sucessores de Nicolau enfrentaram os mesmos desafios que, mesmo em circunstâncias inteiramente diferentes, emularam, adaptaram e misturaram o prestígio dos Románov às características do tempo em que governaram. Lênin perdeu a Ucrânia e o Cáucaso, e sem a Ucrânia a Rússia deixaria de ser uma grande potência. Mas ele conseguiu reagrupar o império dos Románov, perdendo apenas a Finlândia e o Báltico. Stálin, por sua vez, apesar de ser um tirano assassino, se saiu melhor do que os tsares, derrotando a Alemanha e deixando a Rússia com o controle da Europa Oriental e transformando o país numa superpotência nuclear. Sempre comparando-se aos Románov, ele se ressentia de que, ao contrário de Alexandre I, ele nunca chegou a Paris.


Em 1991, o colapso da União Soviética foi também a desintegração do império Románov a que Lênin e Stálin haviam se apegado com tanta força e astúcia. Boris Iéltsin, o novo líder da Federação Russa, usou as ambições das repúblicas para livrar-se do presidente soviético Mikhail Gorbatchov e desmantelar a União Soviética. De uma hora para outra, milhões de russos se encontravam em novos países, enquanto os sagrados territórios eslavos - Ucrânia e Crimeia - eram perdidos. O já decadente e liberal Ocidente começa a impor sua influência nas novas repúblicas.


Pútin, sucessor de Iéltsin, procurou restaurar o poder da Rússia, tanto em casa quanto exterior. Ao governar segundo a fórmula dos Románov, o putinismo passou a misturar autoritarismo com nacionalismo russo, além de um capitalismo camarada e a velha burocracia soviética com acessórios de democracia, como eleições e parlamentos. Em sua crença no excepcionalismo russo, seu orgulho imperialista, seu conservadorismo interno, seu comando pessoal e sua exitosa agressão internacional, Pútin se assemelha muito ao tsar Nicolau I, com suas políticas de autocracia, ortodoxia e nacionalidade. Mas é com Alexandre III, pai de Nicolau II, que ele mais se identifica. Governante habilidoso e oportunista, Pútin recolocou a Rússia no centro dos assuntos internacionais sem ceder a reformas. Sua autocracia lhe permitiu tomar naturalmente aqueles tipos de decisões rápidas que agora são impossíveis nas democracias divididas e vacilantes do Ocidente, angariando a admiração daqueles que se sentem frustrados com a decadência e fraqueza ocidental.


Os Románov podem pertencer ao passado, mas as vicissitudes da autocracia russa continuam vivas. É impossível entender a Rússia atual sem compreender a história dos Tsares, sua força, seus pecados e seus sonhos de grandeza.



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Edição em capa comum da Companhia das Letras; 1ª edição (14/11/2016):











Notas sobre o autor:

Simon Sebag Montefiori nasceu em Londres, em 1965. Formado em história em Cambridge e doutor em filosofia pela mesma universidade, teve suas obras traduzidas para mais de 45 idiomas e é membro da Royal Society of Literature e professor visitante da Universidade de Buckinggham. Seu livro Stálin ganhou o British Book Awards de melhor livro de história de 2004.































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