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Waterloo - Bernard Cornwell

Atualizado: 14 de jun.


A derrocada final de Napoleão


Primeiro livro de não-ficção de Bernard Cornwell, Waterloo é um relato detalhado de uma das batalhas mais famosas de todos os tempos. Um acontecimento decisivo para o destino da Europa e o duelo dos dois maiores estrategistas militares daquela época, o Duque de Wellington, comandante do exército britânico-holandês, e Napoleão Bonaparte, Imperador da França.


Waterloo é o nome de uma cidadezinha ao sul de Bruxelas que se localiza ao norte de um vale onde ocorreu a batalha. Uma área com cerca de 8 Km², onde 337 mil homens e 782 canhões, de três exércitos distintos, lutaram até a vitória final. De um lado, prussianos e britânicos, que também contavam com contingentes holandeses e belgas, e, do outro, franceses liderados por Napoleão. O livro aborda também as duas batalhas que antecederam Waterloo, a de Quatre Bras e a de Ligny. Todos os eventos descritos no livro ocorreram entre os dias 15 e 18 de junho de 1815.


Recém-chegado a Paris depois de sua fuga da ilha de Elba, Napoleão, ciente de que a França seria atacada por Rússia, Prússia, Áustria e Grã-Bretanha, resolveu se antecipar e atacar os exércitos prussianos e britânicos que já estavam concentrados na Bélgica. Sua intenção era derrotar os dois exércitos e, com isso, desintegrar a aliança que, novamente, havia se formado contra ele.


"A Guerra é como uma luta de boxe, quanto mais você bate, melhor."

Napoleão Bonaparte


Só que Napoleão enfrentaria, dessa vez, Arthur Wellesley, o Duque de Wellington, responsável pelo comando do exército expedicionário britânico que havia ajudado a libertar Portugal e Espanha da ocupação francesa na chamada Guerra Peninsular (1807-1814). Em todos os anos de guerra, entretanto, o duque e o imperador nunca haviam se enfrentado diretamente, e Wellington nunca havia perdido uma batalha. O tsar da Rússia chegou a chamá-lo de "le vainqueur du vainqueur du monde", o conquistador do conquistador do mundo.


Através de uma profunda pesquisa histórica e contando com os relatos pormenorizados dos oficiais e soldados que lutaram naqueles três dias, Bernard Cornwell consegue transmitir toda a ferocidade das batalhas, assim como as estratégias e táticas adotadas pelos lados envolvidos. Regimentos e batalhões de infantaria, cavalaria e artilharia avançavam em ataques sincronizados que destruíam posições inimigas, ou eram dizimados no processo. Soldados experientes lutando lado a lado com novatos no campo de batalha. A imbatível Guarda Imperial francesa enfrentando a invicta Infantaria britânica. Histórias de heroísmo, coragem e sacrifício.


Alguns desses relatos, como o do fuzileiro John Lewis, sobre um ataque da artilharia inglesa contra a cavalaria pesada francesa, resume a ferocidade dos embates:


"O efeito foi horrendo, quase toda a fileira da frente caiu de um só vez; e as balas de canhão, penetrando na coluna, provocavam confusão por toda a sua extensão...Nossas peças atuavam com impressionante velocidade de suas guarnições. [...] Os cavalarianos inimigos, que forçaram o caminho à frente, sobre pilhas de carcaças de homens e cavalos, conseguiram avançar apenas alguns passos para também cair e aumentar as dificuldades dos que os sucediam. Cada disparo de canhão era seguido de uma queda de homens e cavalos como grama diante da foice de um ceifeiro."


Scotland Forever!

Pintura a óleo de 1881 retratando o início do ataque dos Royal Scots Greys, um regimento de cavalaria pesada britânica, na Batalha de Waterloo em 1815. É a visão do inimigo, e ela é assustadora. A pintura foi reproduzida muitas vezes e é considerada uma representação icônica da própria batalha e do heroísmo em geral. Artista: Elizabeth Thompson.


O que também impressiona nos relatos que compõe a narrativa do livro, é o sentido de dever e disciplina de muitos soldados e oficiais durante as batalhas. Apesar da carnificina, da fumaça e do barulho ensurdecedor dos canhões sendo disparados, as tropas, na grande maioria das vezes, mantinham suas posições e demonstravam extrema bravura para resistir ao inimigo e contra-atacar. A veneração dos franceses por Napoleão, o respeito dos ingleses por Wellington e a paixão dos prussianos por seu comandante, o Marechal Von Blücher, sintetizavam o espírito de luta que envolvia cada um dos exércitos.


A despeito de toda a pesquisa realizada para o livro, Cornwell faz questão de destacar a dificuldade de se obter uma única versão para os acontecimentos, dada a multiplicidade de relatos pessoais que, em alguns casos, entravam em contradição com outros sobre o mesmo evento. Além disso, destaca ele, existe uma tendência natural de ordenar a desordem, de descrever uma batalha nos termos mais simples para tornar o caos compreensível. Isso fazia com que alguns detalhes fossem simplesmente sublimados para preservar a visão do todo.


As Guerras Napoleônicas duraram cerca de 12 anos e provocaram quase 6 milhões de mortes. Apesar de derrotado por uma coalização de mais de uma dezena de países que culminou com a queda de Paris em 1814, foi no ano seguinte, em Waterloo, que Napoleão foi vencido de maneira definitiva. Com sua Guarda Imperial derrotada no campo de batalha, a confiança que os próprios franceses tinham dele se desfez. Sua abdicação, pouco antes da rendição de Paris em 4 de julho de 1815, foi seguida pelo seu exílio na longínqua ilha de Santa Helena, onde viria a morrer 6 anos depois. Era o fim de uma era e o prenúncio de novas transformações na Europa.



Notas sobre o autor: Bernard Cornwell, consagrado autor britânico, teve suas obras traduzidas para mais de vinte idiomas. Seus romances alcançaram o primeiro lugar na lista de best-sellers em vários países e já venderam mais de 30 milhões de exemplares no mundo inteiro. Cornwell nasceu em Londres e foi criado em Essex por pais adotivos. Trabalhou por dez anos na BBC antes de se tornar escritor. Em 1979, mudou-se para os Estados Unidos, onde vive até hoje. Não perdeu, porém, o fino humor britânico e a paixão por conflitos militares famosos, que se reflete em sua enorme coleção de mapas antigos. A saga de Uhtred, em Crônicas Saxônicas, foi adaptada para a série O Último Reino, produzida pela BBC. É também autor da série best-seller As Aventuras de Sharpe, que se passa durante as Guerras Napoleônicas e foi adaptada para a TV britânica.






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