Superman - filme 2025
- Dalmo Moreira Junior
- há 3 horas
- 4 min de leitura

Superman: O Retorno da Esperança e do Herói Que Acreditamos
O novo "Superman" de James Gunn chega às telonas com a difícil tarefa de revitalizar um dos maiores ícones da cultura pop ocidental, e o faz com maestria, resgatando a essência mais pura e emblemática do Homem de Aço. Longe das tendências de desconstrução e niilismo que por vezes assolaram o gênero, o filme de Gunn abraça a "tônica salvadora e até ingênua" do personagem, provando que a esperança é, sim, o maior superpoder.
A Alma Altruísta do Kryptoniano
O roteiro, assinado pelo próprio James Gunn, se afasta de narrativas excessivamente sombrias para focar na escolha fundamental de Clark: usar seus dons para servir à humanidade, não por obrigação, mas por um amor desinteressado. Este é, sem dúvida, o grande trunfo do roteiro: ele explora a faceta "messiânica" do Superman, não de forma óbvia, mas através de suas ações e sacrifícios, ressoando com a ideia de um "super-herói com alma e coração" que traz esperança àqueles que mais precisam. Mais cristão, impossível.
As Performances e o Coração da Narrativa
A interpretação de Clark Kent/Superman agrada muito. O ator David Corenswet consegue capturar a essência da ingenuidade e pureza do personagem. Seu Superman não é apenas poderoso fisicamente; ele é intrinsecamente bom, com uma alma altruísta que o move a servir. A sua "ingenuidade" não é sinônimo de falta de inteligência, mas sim de uma pureza de intenções, uma crença inabalável no bem e na capacidade da humanidade de evoluir. Vemos um Clark que se esforça para se adaptar ao mundo humano, mas que, ao mesmo tempo, reflete os valores de simplicidade e retidão que o tornam o "mais cristão" dos super-heróis.
Ao lado dele, a intrépida Lois Lane, interpretada pela atriz Rachel Brosnahan, é o contraponto perfeito. Longe de ser uma donzela em perigo ou uma feminista militante, a Lois de Gunn é uma jornalista perspicaz, independente e corajosa, que toma a frente mesmo quando a situação está desfavorável. É a inteligência e a integridade de Lois que a permitem enxergar além da fachada de "Clark Kent" e a se conectar com a humanidade do "Superman", tornando-se sua confidente e âncora no mundo.
Temos também a participação de outros super-heróis na trama, com destaque para o Lanterna Verde de Guy Gardner, interpretado por Nathan Fillion, famoso por por interpretar Richard Castle na série de TV americana Castle, e Eddie Gathegi como o Sr. Incrível. Enquanto o primeiro proporciona um alívio cômico à trama, o segundo, conhecido mais pelos fãs das HQs, é uma grata surpresa para os espectadores com seus poderes e habilidades tecnológicas.
Outro ponto forte do filme é a relação de Clark com seu pai adotivo, Jonathan Kent, interpretado pelo ator Pruitt Taylor Vince. A decisão de Clark de se tornar o Superman, de se colocar a serviço dos outros, é um reflexo direto dos ensinamentos de Jonathan. Ele é o pai que o enraíza na Terra, dando-lhe uma base moral sólida que o impede de se tornar um deus indiferente ou tirânico.
Lex Luthor: A Maldade In Natura em Contraponto à Pureza
A figura de Lex Luthor, interpretada pelo ótimo Nicholas Hoult, emerge como o antagonista ideal para este Superman, encarnando a maldade in natura em um contraste gritante com a pureza e a ingenuidade do Homem de Aço. Luthor é retratado não como alguém que se tornou mau por circunstâncias, mas como um indivíduo cuja malevolência parece ser intrínseca, uma manifestação da soberba humana levada ao extremo. Sua inteligência prodigiosa é corrompida pela arrogância e por uma profunda inveja e ressentimento pela existência de um ser tão poderoso e, acima de tudo, tão bom.
Luthor representa o ápice do orgulho e da hybris: ele não aceita a ideia de uma força superior (seja ela divina ou extraterrestre) que possa ser inerentemente mais virtuosa que a humanidade em sua forma mais depravada. Sua maldade se manifesta na sua recusa em reconhecer a bondade desinteressada do Superman, interpretando-a sempre como uma ameaça velada ou uma afronta à sua própria genialidade. Ele é o reflexo da visão materialista e pragmática que busca o poder pelo poder e a dominação pela dominação.
Aspectos Técnicos: Grandiosidade e Respeito à Origem
A direção de James Gunn consegue imprimir sua marca autoral – um equilíbrio único entre humor, emoção genuína e cenas de ação impactantes – sem jamais desvirtuar a identidade do Superman. A fotografia do filme é um espetáculo à parte, capturando a bucólica simplicidade de Smallville e o vibrante dinamismo de Metrópolis com igual maestria, utilizando paletas de cores que remetem diretamente aos clássicos quadrinhos. Os efeitos visuais servem à narrativa sem exageros, tornando as demonstrações dos poderes do Superman críveis e empolgantes, culminando em sequências de ação que são tanto destrutivas quanto repletas de propósito. A trilha sonora, por sua vez, contribui para potencializar a emoção e grandeza contidas na jornada do herói.
Emoção para o Público: Um Grito de Esperança em Tempos Difíceis
O que o novo "Superman" mais nos oferece, é um resgate à essência das HQs de super-heróis: boa diversão, muita ação e finais felizes. Em um mundo onde as agendas ideológicas pervertem grandes histórias, o filme de James Gunn é um lembrete de que valores poderosos como bondade, coragem e altruísmo ainda podem prevalecer e fazer sucesso em bons filmes e personagens clássicos.
"Superman" de James Gunn é um acerto em cheio, uma homenagem respeitosa ao legado do personagem que, ao mesmo tempo, o reinventa para uma nova geração. Um filme que, como o próprio Superman, inspira, eleva e nos faz acreditar que, mesmo diante dos maiores desafios, a esperança é uma força invencível. A Marvel que se cuide.
Disclaimer: procure assistir ao filme sem vieses; divirta-se no processo.
Assista ao trailer legendado: