top of page
Foto do escritorDalmo Moreira Junior

O valor da liberdade

Atualizado: 8 de jan.

A palavra liberdade é, provavelmente, a mais citada aqui nesse blog. Basta fazer uma pesquisa e constatar a quantidade de artigos, resenhas e notas com a tag liberdade. E não é à toa. Suas recorrentes citações no Red Umbrella são um convite para que ela seja levada a sério e discutida com a profundidade que merece.


Devemos ser capazes, como pessoas livres, de fazer escolhas significativas em nossas vidas e chegar às nossas próprias decisões, mesmo nas questões mais difíceis. A liberdade de pensar e agir por conta própria deve ser defendida e valorizada como uma responsabilidade individual e intransferível. Quando delegamos essa característica intrinsicamente humana para outras pessoas ou entidades, nos tornamos reféns das circunstâncias e vítimas da ignorância.


Todos temos o direito de perseguirmos nossos objetivos e o direito de decidir o que vamos fazer com ele. Quanto mais deixamos esse destino nas mãos de terceiros, mais ameaçada estará a nossa capacidade de nos envolvermos em atividades que efetivamente contribuam para o desenvolvimento da sociedade humana.


Liberdade de expressão e responsabilidade

Em relação à liberdade de expressão, sabemos que outras liberdades, como a de ir e vir, empreender e até votar, tornam-se extremamente frágeis sem ela. Se algo é proibido de ser dito ou sequer mencionado, como vamos ter amplo conhecimento sobre os riscos de nossas escolhas e de questionarmos determinada ordem imposta a nós? Você pode até achar que a liberdade de expressão precisa ter limites, mas é exatamente esse o ponto que ignoramos muitas vezes: ela não precisa ter limites, ela precisa ter consequências.


A responsabilidade pessoal sobre nossos atos e palavras é uma necessidade civilizatória. Desde o momento que abandonamos a barbárie para vivermos de forma organizada e ordenada em sociedade, cada pessoa, cada indivíduo, passou a ser responsável pelas suas escolhas. Somente desta forma evoluímos ao aprendermos que determinados caminhos podem levar a ruína ou ao crescimento pessoal. Sem responsabilidade pessoal, cada um viveria sem preocupação alguma com a consequência de suas ações.


O direito de propriedade, democracia e o poder coercitivo do Estado

Segundo Murray N. Rothbard, um ardoroso defensor da liberdade e autor de centenas de artigos acadêmicos e de mais de 20 livros, o caminho social determinado pelas necessidades naturais do homem é o caminho do direito de propriedade e do livre mercado de se doar ou trocar tais direitos. O Estado, por sua vez, é o canal legal e sistemático para a predação da propriedade privada e para apropriação do que é produzido. Como a produção deve ser sempre anterior à qualquer depredação, o livre mercado é anterior ao Estado. Podemos concluir, dessa forma, de que o Estado nunca foi criado por um "contrato social"; ele sempre nasceu da conquista e da exploração.


Para o filósofo Hans-Hermann Hoppe, autor do livro Democracia, o Deus que falhou, a democracia é incompatível com a propriedade privada (propriedade particular e autonomia individual) e com a noção de liberdade que tanto prezamos. A experiência democrática é desconstruída e interpretada como um declínio civilizatório que caminha invariavelmente para a tirania e a degradação moral da sociedade. Todo governo, ao maximizar a sua riqueza e os seus rendimentos por meio da expropriação, representa uma ameaça constante ao processo de civilização.


A importância da literatura

Northrop Frye, um dos mais aclamados e influentes teóricos da literatura do século XX, reforça, em sua obra "A Imaginação Educada", o valor da literatura para o fortalecimento do nosso poder imaginativo e também como instrumento de liberdade, tolerância e compreensão do mundo a nossa volta. Cultivar a imaginação através do uso da linguagem é mais do que um exercício de autoexpressão, é o desenvolvimento da nossa capacidade de produzir uma visão da sociedade que queremos viver em detrimento daquela que temos que viver. Ninguém é capaz de manifestar liberdade de expressão a menos que saiba usar a linguagem, e este conhecimento não é uma dádiva: precisa ser aprendido e trabalhado.


O outro lado da moeda

No entanto, nem todos buscam a liberdade, muito pelo contrário. No seu livro "A Alma da Marionete", o autor, John Gray, afirma que o desejo de liberdade de escolha, apesar de ser um impulso universal, está longe de ser o mais forte. Considerando o fato de que temos necessidades básicas para suprir antes da liberdade, sempre haverá muitos que se sintam felizes sem ela. Afinal, liberdade significa deixar que os outros vivam como quiserem, e muitos desejam, como no passado, serem dominados por um tirano que possa prove-los destas necessidades.


No Império Romano, por exemplo, o conceito de liberdade era visto de forma diferente daquela que enxergamos hoje. A ambição dos escravos, em geral, era ganhar a liberdade e não abolir a escravidão como instituição.


O perigo da relativização e da censura

É preciso ter cuidado com as narrativas que distorcem o conceito de liberdade, criando a ilusão de que ela pode ser interpretada de acordo com os interesses de ocasião. Não existe liberdade relativa. O controle do discurso para atender uma determinada agenda tem como único objetivo obliterar a capacidade de questionar o establishment dominante. A censura é a arma dos fracos e dos incapazes, meio e fim de toda a tirania.


A defesa da ordem verdadeira, aquela que envolve a ordem moral, espiritual e a liberdade das pessoas de encontrarem essa ordem para viverem de acordo com suas escolhas e se responsabilizarem por elas, não precisa de censura. A tirania, inclusive, é o oposto dessa ordem. É tolo pensar que, para vivermos civilizadamente, limites precisam ser impostos de cima para baixo. É justamente o contrário.











23 visualizações0 comentário

Posts recentes

Ver tudo

Primeira vez

Comments

Rated 0 out of 5 stars.
No ratings yet

Add a rating
bottom of page