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O Brutalista - filme

Foto do escritor: Dalmo Moreira JuniorDalmo Moreira Junior

Atualizado: 8 de mar.




Nos últimos anos, o fato de um filme concorrer ao Oscar não tem sido garantia de qualidade ou de bom entretenimento. Com a dominância cada vez mais forte de uma agenda ideológica progressista que influencia a estética e as narrativas, o cinema, principalmente o americano, oscila entre reinterpretações de obras consagradas ou produções que reforçam estereótipos desta mesma agenda.


"O Brutalista", coprodução entre Estados Unidos, Reino Unido e Hungria, e candidato ao Oscar deste ano, é mais um exemplo desse processo. Dirigida pelo norte-americano Brady Corbet, premiado com o Leão de Prata no Festival de Veneza como melhor diretor, o filme conta a história do talentoso arquiteto húngaro László Toth (Adrien Brody) a partir de sua chegada aos Estados Unidos logo após a Segunda Guerra Mundial. Imigrante judeu, Toth, um sobrevivente do Holocausto, busca um recomeço de vida enquanto tenta trazer sua esposa Erzsébet (Felicity Jones) ainda na Europa. Enfrentando as dificuldades de adaptação a uma cultura completamente diferente da sua, ele luta pela sobrevivência e pela oportunidade de demonstrar sua habilidade como o notório arquiteto que é. Ao receber a encomenda de um projeto monumental das mãos do milionário e industrial Harrison Lee Van Buren (Guy Pearce), ele tem a chance de deixar sua marca e seu estilo arquitetônico numa obra ousada para os padrões da época.


A história, que se estende por décadas, explora os vícios, triunfos e tragédias de László, enquanto denuncia as hipocrisias do chamado sonho americano. Com mais de três horas e meia de duração e dividido em dois atos com um intervalo de 15 minutos, "O Brutalista" combina uma narrativa pretensiosa com uma estética que reflete o concreto frio e cinzento do brutalismo arquitetônico que dá nome à trama. Ao destacar as diferenças da alta cultura europeia para o capitalismo selvagem americano, o filme exagera no drama e nos conflitos entre os personagens. Alternando cenas desnecessariamente chocantes com outras monótonas e apáticas, ele se arrasta em simbolismos rasos e um amontoado de clichês com críticas ao tratamento exploratório dado a imigrantes e minorias.


A atuação visceral de Brody procura dar profundidade ao gênio conflituoso de um personagem torturado por lembranças desagradáveis do seu recente passado, mas as pontas soltas do roteiro dificultam esse trabalho. Guy Pearce, como o industrial Harrison Van Buren, exagera na caricatura do capitalista implacável, enquanto Felicity Jones, no papel da esposa de Toth, representa a europeia intelectualmente sofisticada que rejeita o estilo de vida da sociedade americana. A fotografia, embora tecnicamente competente, é maçante em determinados momentos.


Por fim, "O Brutalista" repete críticas já conhecidas sobre os Estados Unidos e o sonho americano ao expor as injustiças e preconceitos da sua sociedade, assim como o seu moralismo duvidoso. Os estereótipos de uma nação egoísta e gananciosa são contrapostos ao estilo de vida mais livre e progressista do europeu. O resultado é um filme pretensioso que se utiliza de uma estética pós-moderna para chocar e, ao mesmo tempo, passar a imagem de uma obra de arte digna de aplausos por simplesmente expor, de forma mordaz, contradições e dilemas que ainda persistem no imaginário da sociedade atual. Não caia nessa armadilha.







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