A restauração da realidade
Talvez não exista nenhum ramo do saber humano tão importante para nos reconectarmos com a realidade, e com a nossa própria humanidade, quanto a filosofia. Num mundo que insiste em continuar mergulhando no obscurantismo das ideologias, criando fatos a partir de narrativas totalmente inconsistentes com o próprio conceito do que é real, a filosofia ressurge como nossa melhor tábua de salvação.
Neste pequeno livro de 120 páginas, André Assi Barreto, professor, mestre e doutorando em filosofia pela USP, nos oferece um antídoto intelectual contra o que ele chama de filosofia de palco e outros embustes intelectuais "filosóficos" que nós, brasileiros, estamos sujeitos (e contaminados) há algumas décadas.
Afastando, em primeiro lugar, os conceitos equivocadamente associados à filosofia, como sua suposta erudição e linguagem de difícil compreensão, ou até mesmo como ferramenta de autoajuda, o autor desfaz o nó causado pela confusão, e profusão, de ideias que distorcem não apenas seu significado, mas também sua verdadeira natureza.
Em seguida, já na parte dois do livro, ele trata do que realmente ela é. De origem grega, a palavra filosofia significa amor à sabedoria, mas não um amor apegado a um senso de certeza e plenitude, mas um estágio intermediário entre a saciedade e a carência, que é como os gregos pensavam quando criaram o termo.
Admirador do trabalho de Eric Voegelin, filósofo germânico que fugiu da Alemanha nazista por suas ideias e publicações contrárias à ideologia dominante (ele não era judeu), André destaca a importância da filosofia para restauração da realidade após a crise do modernismo e o surgimento das chamadas religiões políticas. Livrar-se da ideologia, segundo ele, é uma etapa essencial nesse processo. Mas esta restauração passa também pela recuperação da linguagem, expurgando-a dos elementos ideológicos que visam satisfazer as sanhas autoritárias e genocidas de seus criadores.
Ao contrário dos filodoxos, que amam a opinião, os filósofos amam o saber. Filosofar exige livrar-se da companhia daqueles e juntar-se aos pensadores do passado e, eventualmente, do presente, que tenham se desgarrado do ambiente de perversão intelectual e linguística a que estamos sujeitos. Fazer filosofia é se desvencilhar da ideologia e da linguagem ideológica e interromper a negação da experiência do real que nos leva, inevitavelmente, ao reconhecimento do elemento divino da realidade.
"Ou ressuscitamos a Filosofia ou permaneceremos mortos."
Capa comum - Editora Armada; 1ª edição (26 julho 2023). Clique aqui para acessar a loja da Amazon e comprar o livro.
Notas sobre o autor: André Assi Barreto é graduado em Filosofia (USJT), mestre em Filosofia (USP) e doutorando em Filosofia (USP), além de ser licenciado em História e Geografia. É autor de Entre a ordem e o caos: compreendendo Jordan Peterson (2021), Os Fundamentos do Globalismo: as origens da ideia que domina o mundo (2022), O que a Filosofia não é (2023) e coautor de Saul Alinsky e a anatomia do mal (no prelo). Também é host do podcast OliverTalk e publica textos regularmente em www.andreassibarreto.com.
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