Abraçando a aleatoriedade
As obras de Nassim Taleb tratam das incertezas e dos eventos imprevisíveis que afetam nossas vidas. Nesta segunda edição de Iludidos pelo Acaso, um de seus primeiros livros, temos a oportunidade de conhecer um Taleb já maduro em sua carreira no mercado financeiro e um pensador instigante e provocativo. Para ele, subestimamos a influência do acaso em quase tudo que permeia os acontecimentos em nossa volta. Sucesso e fracasso são mais influenciados pela sorte (ou a falta dela) do que podemos admitir - mesmo a compreensão que as pessoas têm da probabilidade não se traduz em seu comportamento. Somos seres irracionais por natureza, e nosso cérebro não foi feito para a não-linearidade. Nosso aparato emocional é projetado para a causalidade linear. Bebendo de várias fontes (e.g. filosofia grega clássica, fundamentos de economia comportamental, matemática e probabilidade) e referências bibliográficas do peso como Karl Popper, Wittgenstein e Derrida, só para citar alguns, Taleb nos alerta para a desconsideração da magnitude dos resultados (expectativa matemática), sobre a influência dos ruídos em detrimento da informação e a importância que damos à frequência dos eventos (probabilidade). Árduo defensor do pensamento crítico, ele considera que uma mente aberta é uma necessidade quando se está lidando com o acaso. A ilusão a que ele se refere, pode ser exemplificada pelo fato de que ninguém aceitar o papel deste em seu próprio sucesso, mas apenas em seu fracasso.
Muito mais do que um livro sobre a influência da sorte nos mercados e na vida, Iludidos pelo Acaso nos convida a refletir sobre como devemos abraçar a aleatoriedade para sermos mais felizes e menos angustiados, abandonando uma pressão autoimposta para a maximização de resultados, competitividade e empirismo extremo. Não importa quão sofisticadas sejam nossas escolhas ou que controle temos sobre as probabilidades: o acaso sempre terá a última palavra.
Comments