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Coragem para enfrentar o mal

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Em um mundo cada vez mais complexo e polarizado, a defesa de valores perenes e a busca incessante pela verdade tornaram-se atos de fé e coragem. Sob uma perspectiva civilizatória, a coragem para enfrentar o mal não é apenas uma virtude individual, mas um imperativo social, a pedra angular sobre a qual se sustenta a ordem e a civilização. A verdade, muitas vezes ofuscada por narrativas convenientes ou ideologias fanatizadas, é o alicerce indispensável para discernir o mal e combatê-lo eficazmente, garantindo a estabilidade e a prosperidade de uma sociedade.


O mal manifesta-se não apenas em atos de violência explícita, mas, de forma mais insidiosa, na gradual corrosão dos pilares morais e institucionais que outrora sustentavam a nossa civilização. Ele se apresenta como a relativização da moralidade, a negação de verdades objetivas e transcendentes, e a subversão das instituições naturais como a família, a comunidade e a religião. Na sociedade contemporânea, o mal assume a forma de ideologias radicais que promovem a desconstrução identitária, a anulação da liberdade de expressão sob o pretexto de "defesa da democracia", o revisionismo histórico que distorce o passado e a insistência em redefinir a natureza humana. É a desordem travestida de progresso, a fragmentação social em nome de identidades fluidas e a substituição da virtude pela autoindulgência e pelo niilismo.


Contra essa maré caótica, a verdade emerge como o farol inabalável. Ela não é uma construção social ou um consenso negociável, mas a representação da realidade, um conjunto de princípios universais e imutáveis que regem a existência humana e a ordem do universo. É o fundamento sobre o qual a justiça, a liberdade e a responsabilidade podem florescer e prosperar. Em tempos de "pós-verdade", a defesa da verdade objetiva torna-se um ato de resistência vital, pois sem ela, toda forma de diálogo construtivo e toda possibilidade de discernimento moral se desintegram, abrindo caminho para a manipulação e a tirania. A verdade é a bússola que impede a deriva moral e social, orientando as ações individuais e coletivas rumo ao bem comum.


Ao longo da história, indivíduos e grupos demonstraram coragem extraordinária ao enfrentar o mal, mantendo-se fiéis à verdade, mesmo diante de contextos adversos. C.S. Lewis (1898-1963), um dos maiores apologistas cristãos do século XX, argumentava incansavelmente contra o relativismo moral e o ateísmo, usando lógica, razão e imaginação para apresentar a coerência e a beleza do cristianismo e dos valores conservadores tradicionais. Sua defesa da verdade era intelectualmente rigorosa e profundamente arraigada em sua fé. G.K. Chesterton (1874-1936), escritor, filósofo, poeta e dramaturgo, combatia as "novas ideias" que ele via como destrutivas para a sociedade e para o indivíduo, defendendo verdades perenes sobre a natureza humana, a família e a moral. Em obras como "Ortodoxia" e "O Homem Eterno", ele desmontava argumentos ateístas e relativistas com inteligência, paradoxo e bom humor, sempre com o objetivo de reafirmar a sanidade e a verdade contidas na tradição e na fé cristã. Ele foi um defensor ferrenho do senso comum e da lógica contra a irracionalidade das modas intelectuais de sua época. João Paulo II (1920-2005), um dos papas mais influentes da história da Igreja Católica, defendia verdades fundamentais sobre a dignidade humana, a família, a vida e a fé cristã, enfrentando com determinação os regimes totalitários e as ideologias que desumanizavam o indivíduo e a sociedade. Sua recusa em ceder a pressões ideológicas e sua adesão firme aos seus princípios, mesmo quando impopulares, demonstraram sua crença na importância de defender a verdade transcendente e a moral cristã, acima das conveniências políticas ou das modas intelectuais. Sua liderança foi marcada pela profunda convicção e pela inabalável crença na superioridade dos valores evangélicos e da dignidade da pessoa humana.


As consequências de se comprometer com a verdade em face de pressões sociais ou adversidades podem ser severas. Quem ousa defendê-la em tempos de relativismo e conformismo pode enfrentar ostracismo, ridicularização, danos à reputação e até a morte. A "tirania da maioria" ou a "ditadura do relativismo" frequentemente buscam silenciar vozes dissonantes. No entanto, é precisamente essa adesão inegociável à verdade que forja o caráter, fortalece a fibra moral de uma sociedade e, a longo prazo, abre caminho para a restauração da ordem e da integridade. Cada ato de coragem em defesa da verdade é um pequeno farol que ilumina a escuridão e inspira outros a seguir o mesmo caminho.


Para fortalecer as estruturas sociais e culturais na luta contra o mal, é fundamental revitalizar as instituições que tradicionalmente servem como guardiãs da verdade e da moralidade. A Família, como célula primordial da sociedade, deve ser reafirmada como o primeiro e mais importante bastião de valores perenes e de educação moral. A Igreja, com sua capacidade de oferecer uma bússola espiritual e uma comunidade de apoio, é crucial para nutrir a coragem moral necessária para enfrentar a insensatez e o ódio. A educação, por sua vez, deve retornar ao ensino do legado da civilização ocidental, da filosofia e da história, incentivando o pensamento crítico e a busca por verdades universais, em vez de se render à doutrinação ideológica. Finalmente, pequenas comunidades locais e associações civis podem criar redes de apoio e diálogo, permitindo que indivíduos resistam à pressão cultural e promovam um retorno aos princípios que garantem a verdadeira liberdade e uma sociedade virtuosa.


A coragem para enfrentar o mal é intrinsecamente ligada à inabalável devoção à verdade. Não se trata de uma batalha por poder, mas pela alma da civilização, pela preservação dos fundamentos que nos permitem viver com dignidade e propósito. É um chamado à responsabilidade individual e coletiva para que sejamos faróis da verdade em nossas esferas de influência, contribuindo para a restauração da ordem e a promoção do bem comum em um mundo sedento de clareza moral.


No último dia 10 de setembro, o mundo civilizado testemunhou, chocado, o assassinato de Charlie Kirk, um dos maiores influenciadores de direita dos Estados Unidos. Fundador e presidente da Turning Point USA (TPUSA), uma organização sem fins lucrativos que promove valores conservadores nos campi de faculdades, universidades e escolas de ensino médio, Charlie utilizava o diálogo aberto para desconstruir narrativas progressistas e sustentar princípios fundamentais. Ele dava voz a radicais e intransigentes, mas nunca os ofendia ou repudiava; apenas argumentava. Justamente por isso, tornou-se alvo do ódio daqueles que não conseguem suportar a firmeza de ideias bem fundamentadas. E é nesse tipo de intolerância que o mal se apoia: na recusa de muitos em admitir que certos valores não podem ser relativizados nem subordinados a agendas ideológicas autoritárias.


O sacrifício de figuras como ele, que ousaram enfrentar a tirania do relativismo com argumentos e diálogo, serve como um alerta e um chamado: a verdade tem um preço, mas é somente por meio dela que podemos restaurar a ordem, proteger o bem comum e garantir um futuro onde a justiça e a liberdade não sejam apenas ideais abstratos, mas realidades vividas.


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