Quem não consegue resistir a entrar numa livraria e folhear alguns livros quando se depara com uma? Certamente a maioria dos leitores, espero. Pequenas ou grandes, clássicas ou modernas, as livrarias continuam sendo um apelo irresistível para os amantes da leitura. Apesar da concorrência feroz do comércio eletrônico e da popularização dos livros digitais e audiolivros, elas resistem.
Forte indicador do hábito de leitura de seus habitantes e também da sua riqueza cultural, algumas cidades mundo afora se destacam pela quantidade de livrarias, tanto em números absolutos quanto em números relativos. Nesta Redlist, destacamos as 5 cidades com mais livrarias per capita no mundo (os números apresentados indicam a quantidade por cada 100 mil habitantes). Vamos a elas.
1º lugar - Lisboa, Portugal
Capital e maior cidade de Portugal, Lisboa tem cerca de 550 mil habitantes. Com mais de 20 séculos de existência, a cidade possui características únicas que a transformaram no mais importante centro cultural, político e financeiro do país e um dos mais importantes da Europa.
Epicentro dos descobrimentos desde o século XV, a cidade tem sido o ponto de encontro das mais diversas culturas. Uma das capitais europeias com o maior número de patrimônios culturais, Lisboa possui dezenas de museus e galerias com obras de extrema importância para a história da arte.
Sede de um dos eventos literários mais importantes do continente, a Feira do Livro de Lisboa, que acontece desde 1930, a cidade possui 41,6 livrarias para cada 100.000 habitantes. Algumas se destacam pela sua história, como a famosa Bertrand do bairro do Chiado, a livraria mais antiga em funcionamento do mundo.
Fachada da livraria Bertrand no Chiado.
2º lugar - Melbourne, Austrália
Capital do estado de Victoria, Melbourne é conhecida como a capital cultural do país, além de ser um importante centro internacional de artes cênicas e visuais. Com um população de aproximadamente 5 milhões de pessoas, ela se tornou, desde o início de 2023, a cidade mais populosa da Austrália.
Melboune oferece uma infinidade de atividades e atrações para seus visitantes, sejam eles amantes das artes, da gastronomia, da natureza ou da vida noturna. Com muitos museus, galerias, teatros e festivais de arte, sua vida cultural é riquíssima. O Melbourne Museum, um museu de história natural e cultural inaugurado em 2000 pelo Governo de Victoria, é o maior e um dos mais avançados museus do mundo.
Em segundo lugar na nossa lista, ela possui 33,9 livrarias para cada 100.000 habitantes, com destaque para as charmosas livrarias independentes da região central da cidade, como a famosa Readings.
3º lugar - Buenos Aires, Argentina
Buenos Aires é a capital cosmopolita da Argentina. Com cerca de 2,9 milhões de habitantes, é a maior cidade do país. Conhecida por sua arquitetura em estilo europeu e por sua rica vida cultural, é um dos principais destinos turísticos da América Latina.
As influências europeias estão impregnadas na arte, na arquitetura, na literatura e no estilo de vida da cidade. Há muitos e importantes museus e galerias de arte, além de uma forte comunidade teatral. Sua principal casa de ópera, o Teatro Colón, é considerado, acusticamente, um dos cinco melhores teatros do mundo
Para os que adoram encontrar livrarias antigas e charmosas em suas caminhadas, Buenos Aires pode ser um verdadeiro paraíso. Com 22,6 livrarias para cada 100 mil habitantes, não é difícil esbarrar com uma pela cidade. Algumas, inclusive, são verdadeiras joias, como a El Ateneo Grand Splendid, considerada uma das livrarias mais bonitas do mundo (leia nossa Redlist sobre o tema).
Construída dentro do histórico cinema e teatro Grand Splendid, no bairro da Recoleta, a livraria conserva seu antigo esplendor e elegância, com a cúpula decorada com afrescos, as varandas originais e sua decoração intacta.
4º lugar - Chengdu, China
Capital da província de Sichuan, no sudoeste da China, Chengdu possui cerca de 4,6 milhões de habitantes (sua área metropolitana ultrapassa os 20 milhões). Uma das maiores e mais antigas metrópoles do país, é um importante polo econômico, tecnológico, logístico e de comunicações da região.
Lar do famoso Panda Gigante, Chengdu possui vários sítios históricos e atrações culturais. Com uma impressionante variedade de 150 museus e uma vida noturna animada com mais de 2.000 bares e casas noturnas, a cidade tornou-se um destino turístico em rápido crescimento.
Chengdu adota a Cultura Tianfu, um modo de vida chinês que enfatiza a cultura, a estética e a busca pelo equilíbrio na vida. Esta filosofia cultural está sendo perfeitamente integrada no planejamento e design de jardins urbanos, instalações prediais e arte pública em toda a cidade. As indústrias culturais e criativas são vistas como um meio vital para promover estilos de vida positivos e fomentar um novo desenvolvimento urbano na cidade.
Conhecida como a capital das livrarias da China, possui 21,6 unidades para cada 100 mil habitantes. Estes estabelecimentos desempenham um papel crucial na promoção da cultura e na mobilização dos cidadãos, disponibilizando espaços para diversas atividades culturais. O destaque fica para a Dujiangyan Zhongshuge, inaugurada em 2020, com mais de 80 mil volumes e uma arquitetura impressionante e inovadora.
Espelhos dão a sensação de espaço infinito, e os arquitetos não mediram esforços para garantir que a iluminação fosse tal que cada estante proporcionasse um impacto visual, ao mesmo tempo que permitisse aos visitantes a facilidade de encontrar livros específicos.
5º lugar - Hong Kong, China
Ex-colônia britânica, Hong Kong é uma das regiões administrativas especiais da China, o que significa que é semiautônomo, funcionando com o princípio de “um país, dois sistemas”. A China concordou por lei em dar um alto nível de autonomia à região e preservar a sua economia e sistema social, mas Pequim tem o poder de vetar mudanças no sistema político. Hong Kong tem moeda, idioma e passaporte diferentes em relação à China.
Seu centro urbano vibrante e densamente povoado é também um porto importante e um centro financeiro global de destaque. Com uma população de 7,4 milhões de pessoas, sua história reflete uma cultura marcada pelas influências britânica e chinesa.
Misturando tradições orientais e ocidentais, o território não só celebra festivais e feriados do Oriente e do Ocidente, como o Festival do Barco-Dragão, o Festival do Meio Outono, o Ano Novo Lunar (Chinês), o Natal, o Ano Novo Ocidental e outros, mas também desfruta de centenas de eventos culturais anuais que vão desde óperas tradicionais cantonesas e outras óperas regionais chinesas e espectáculos de marionetas até espectáculos de balé, teatro e música e exposições de pinturas e esculturas de artistas de renome nacional e internacional.
Com 17,8 livrarias por cada 100 mil habitantes, Hong Kong oferece opções para todos os gostos e idiomas. A maior delas, e uma das mais bonitas, é a eslite Causeway Bay Store. São aproxidamente 100 mil títulos disponíveis num espaço tranquilo e agradável .
A livraria enfatiza a calma, com um design que oferece uma atmosfera tranquila para seus frequentadores.
E o Brasil? Segundo a Associação Nacional de Livrarias (ANL), o Brasil possui cerca de 2.972 livrarias no total (dados de 2023). A maior concentração está na região Sudeste, com 1.814. O ranking segue com as regiões Sul e Nordeste, com 561 e 334 estabelecimentos, respectivamente. O estado com maior número de livrarias é São Paulo, com 1.167 unidades.
Atualmente, Brasília é a cidade brasileira com o maior número de livrarias para cada 100 mil habitantes: 3,9. A média nacional é de 1,46.
Esses números explicam e também são consequência do baixo número de livros lidos pelos brasileiros anualmente. Apesar do crescimento de algumas redes de livrarias, como a Leitura, a Livraria da Vila e a Livraria da Travessa, é cada vez mais difícil encontrar uma livraria perto de casa na maioria dos grandes centros do país.
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