Whitby, a pequena cidade inglesa que inspirou a criação de Drácula
A História de Whitby
Whitby tem uma história que remonta ao século VII, quando foi fundado o Mosteiro de Streoneshalh (mais tarde conhecido como Mosteiro de Whitby) pela Abadessa Hilda. Este mosteiro foi um centro importante da cristandade anglo-saxã e palco do Sínodo de Whitby em 664, que decidiu sobre a data da Páscoa na Inglaterra, alinhando-a com a prática romana.
Ao longo dos séculos, Whitby floresceu como um porto movimentado, conhecido pela pesca, pela construção naval e, notavelmente, pela indústria baleeira. Os baleeiros de Whitby navegavam até os mares árticos, trazendo de volta óleo de baleia e outros produtos. A cidade também se tornou famosa pela produção de jato de Whitby (jet), uma pedra preciosa preta que era popular para joias de luto na era vitoriana.
Com o advento das ferrovias no século XIX, Whitby começou a se transformar em um destino turístico popular, atraindo visitantes com suas belas paisagens costeiras, o porto charmoso e as imponentes ruínas da abadia no topo do penhasco.
Whitby e a Obra de Bram Stoker: Drácula
A conexão mais célebre de Whitby é, sem dúvida, com o romance Drácula, publicado em 1897. Bram Stoker, o autor irlandês, visitou Whitby no verão de 1890 e ficou profundamente impressionado pela atmosfera da cidade, que ele usou como pano de fundo crucial para partes de seu livro.
Aqui estão os elementos de Whitby que inspiraram Stoker e como eles aparecem em Drácula:
As Ruínas da Abadia de Whitby: As imponentes ruínas góticas da Abadia de Whitby, no topo do penhasco leste, dominam a paisagem da cidade. Stoker as descreveu vividamente no romance, e é aqui que Drácula, na forma de um grande cão negro, salta do navio naufragado para a terra. A grandiosidade e a aura de mistério da abadia contribuíram significativamente para a atmosfera sombria do livro.
Os 199 Degraus: Conhecidos como "Church Stairs", esses degraus íngremes levam do centro da cidade até a Igreja de Santa Maria (St. Mary's Church) e seu cemitério, ao lado da abadia. No romance, Lucy Westenra e Mina Murray sobem esses degraus, e eles se tornam um local chave para os eventos assustadores que se desenrolam. A subida árdua dos degraus reflete a tensão e o perigo iminente.
O Cemitério da Igreja de Santa Maria: O antigo cemitério que rodeia a Igreja de Santa Maria, com suas lápides envelhecidas e vistas para o mar, é um cenário perfeito para o sobrenatural. Stoker notou uma lápide com o nome "Swales" e a utilizou para criar um personagem, o velho Sr. Swales, que se torna uma das primeiras vítimas de Drácula em Whitby.
A Lenda do Cão Negro (Barghest): As lendas locais de cães negros fantasmagóricos ou "barghests" na região de Yorkshire podem ter inspirado Stoker a retratar a chegada de Drácula na forma de um grande cão.
O Navio Russo Demeter: No romance, Drácula chega à Inglaterra a bordo do navio russo Demeter, que é descoberto encalhado na praia de Whitby, com toda a sua tripulação morta, exceto pelo capitão, que é encontrado amarrado ao le leme. Este cenário foi inspirado por um naufrágio que Stoker viu em Whitby, e a escolha do nome "Demeter" pode ter sido influenciada por uma embarcação real que Stoker viu no porto, embora não fosse russa.
A descrição de Whitby em Drácula é tão vívida e atmosférica que a cidade se tornou um ponto de peregrinação para fãs do horror gótico e do vampiro mais famoso da literatura. A cada ano, Whitby sedia o Whitby Goth Weekend, um festival que celebra a cultura gótica e a conexão da cidade com a obra de Bram Stoker, solidificando ainda mais seu lugar na mitologia do vampiro.
É uma prova do poder da literatura quando um lugar real pode ser tão imbuído de fantasia e se tornar parte integrante de uma história que cativa gerações.
